Fretilin critica cartazes e convites comemorativos da proclamação da independência por edição de fotos com corte de figuras históricas

Germenino Ximenes - Geral
Reportajen : Joana Silva
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Os outdoors sobre a proclamação da independência geraram discussões em Timor-Leste. Foto: Joanico Vicente

Díli (timorpost.com) – Os deputados da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) lamentaram, durante a sessão plenária desta terça-feira (21.11), no Parlamento Nacional (PN), que fotos de figuras históricas, usadas nos cartazes e convites para as comemorações do Dia da Proclamação da Independência de Timor-Leste, que se assinala a 28 de novembro, tenham sido cortadas, excluindo, por exemplo, o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri. O vice-ministro da Administração Estatal já veio negar qualquer intenção de discriminar líderes históricos e fala em “necessidade para caber na área de impressão”.

Helena Martins Belo, deputada da Fretilin, mostrou que Mari Alkatiri foi “cortado” numa das fotos usadas para os cartazes e convites. “O camarada Mari foi um dos fundadores do país. Porque é que o cortaram da foto?”, questionou.

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Dário Madeira, do mesmo partido, também questionou a atuação da comissão organizadora das comemorações do dia 28 de novembro. O deputado considera que “a manipulação do arquivo fotográfico não respeita as figuras importantes do país”.

“Não podemos ignorar a história. Se a comissão organizadora não souber a História, pode ir pesquisar no Museu nacional. E aí, sim, indicar o caminho para se poder dignificar a história”, defendeu Madeira.

O deputado da oposição sugeriu à comissão retirar os cartazes, “porque estamos a transmitir ideias negativas às novas gerações. Estamos a tentar falsificar a história. Devemos respeitá-la, essencialmente esta data que nos deu a independência”, concluiu Dário Madeira.

Por sua vez, Antoninho Bianco, da Fretilin, lembrou que Timor-Leste, nos tempos da ocupação, era unido. O represente do partido da oposição no PN acredita que todos os cidadãos devem valorizar a história do país. “Não podemos mudar a história do antigo testamento, do novo testamento, então não podemos também mudar a história timorense. As figuras do ano de 1975 têm de ser mostradas ao público, sem exceção. As da frente armada, bem como as da frente clandestina. É assim que valorizamos a nossa história”, esclareceu Bianco.

Outro dos deputados da bancada da Fretilin, Florentino Ximenes, mostrou-se triste quanto aos convites e cartazes espalhados em Díli. “Fiquei muito triste quando vi que cortaram um comandante da luta, na foto que foi tirada junto ao senhor Xanana Gusmão. Com isto estamos a insultar os fundadores do país e heróis da pátria”, concluiu.

Já o deputado do Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Natalino dos Santos reivindicou, que já está na hora de criar uma resolução para “definir verdadeiramente os heróis do Estado timorense”, como forma de precaver este género de situação.

“Também nos sentimos ofendidos, quando a Fretilin comemorou 40 anos e atribuiu certificados aos furriéis que se renderam no combate. Por exemplo, o meu pai rendeu-se, mas até hoje não recebemos nada. Além disso, a Constituição de Timor-Leste, não menciona o proclamador do texto da independência, Francisco Xavier do Amaral. Aí, também ignoramos a história”, defendeu Natalino dos Santos.

A discussão sobre os cartazes já chegou também às redes sociais, como o Facebook, WhatsApp e Instagram, onde as imagens foram partilhadas e comparadas com as originais. “Diferentes ideologias políticas? Sim, mas não se pode negar a história. A foto tirada a 20 de novembro de 1975 foi cortada, e alguns líderes deixaram de aparecer na foto que foi imprimida nos cartazes para as comemorações do dia 28 de novembro deste ano”, diziam alguns comentários de utilizadores.

Em resposta às preocupações dos deputados e da opinião pública, numa conferência de imprensa, também esta terça-feira, no mesmo dia da sessão plenária (21.11), o vice-ministro da Administração Estatal (MAE – responsável pelo evento do 28 de novembro), Jacinto Rigoberto garantiu que a comissão organizadora não teve qualquer “intenção de discriminar alguns líderes”. O vice-ministro justificou-se com o facto de a foto ser larga, o que fez com que tivessem de cortar “para caber na área de impressão”.

“Recebemos todas as críticas e lamentações. Queremos esclarecer que isto foi um lapso. Portanto, a comissão, em nome do IX Governo constitucional, pediu diretamente e indiretamente desculpa ao público e a todas as entidades”, afirmou.

Sobre a possibilidade de trocar os cartazes e convites, Jacinto Rigoberto defendeu que, devido ao tempo limitado, a comissão faz questão de manter os que já estão prontos.

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