O novo Diligente: dêem-lhes os cavalos

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O novo Diligente: dêem-lhes os cavalos

Uma diligência, diz-nos o Wikipédia, é “um tipo de carruagem fechada de quatro rodas utilizada para o transporte de passageiros e mercadoras, extremamente resistente e puxada por quatro cavalos”. Este tipo de transporte foi popularizado no imaginário ocidental pelos filmes norte-americanos do faroeste, onde cowboys, pistoleiros, xerifes e caça-recompensas resolviam as suas contendas por via de duelos, onde o vencedor se decidia com base na pontaria e rapidez em premir o gatilho da pistola.

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A diligência fazia viagens regulares entre estações, que ofereciam locais de descanso para quem viajava nestes veículos. Ela foi criada e amplamente usada antes da invenção do trilho ferroviário e do fio do telégrafo. Ulteriormente, algumas diligências foram transformadas em postos de correio ambulantes. A imprensa escrita (as gazetas, normalmente de pequena tiragem e poucas páginas), existindo, circunscrevia-se aos limites das pequenas vilas onde era impressa.  Antes da circulação dos comboios e do uso frequente do telégrafo, era a diligência que, na paragem em vilas remotas para largar e receber passageiros, fazia ouvir notícias oralmente divulgadas, provindas de lugares distantes e, em geral, extremamente imprecisas, porque estavam sujeitas a acrescentos por parte dos diferentes divulgadores. A informação era divulgada “por pessoas e para pessoas”.

Assim era.

A diligência, diz-nos o Priberam, é um nome feminino que significa “esmero, solicitude com que se quer fazer alguma coisa; cuidado; zelo; urgência em fazer alguma coisa; prontidão”. Diligência envolve, então, uma intencionalidade em fazer algo, em fazê-lo bem e, no mundo jornalístico, muitas vezes fazê-lo depressa ou prontamente. Não precisamos de consultar um código deontológico para depreender que aquele “bem” engloba não só os conceitos de “qualidade”, mas também de “ética”, algo que as diligências do imaginário dos filmes de cowboys não levavam em consideração.

Assim é.

O novo site Diligente terá, assim o desejamos, muito mais do terceiro parágrafo do que do segundo. Tem uma diligência, tem 7 cocheiros e tem vontade de cavalgar em pavimentos pedregosos, e estradas que levantem poeira. A poeira do imobilismo, a poeira da censura e da autocensura, a poeira da acomodação e do partidarismo por troca por uma poeira do espírito crítico e da completude, uma poeira da dignidade humana e dos valores da democracia, da liberdade e do pluralismo.

Assim será.

No panorama da comunicação social em formato online que contempla a língua portuguesa em Timor-Leste (Timor Post e Tatoli), desejamos que o Diligente tenha uma contribuição positiva nos termos em que ele próprio contempla: que aborde “problemas estruturantes da sociedade timorense” privilegiando “temas de interesse público que afetam a vida coletiva”, que o faça nos moldes dos “princípios da dignidade humana e os valores da democracia, liberdade e pluralismo” de modo que “todos tenham voz”.

Assim quer ser.

E falta uma última aceção. A diligência é, ainda segundo o Priberam, o “serviço extraordinário e urgente fora do quartel”. “Quartel”, o Diligente, já tem. Quanto ao “serviço extraordinário e urgente”, cremos que, havendo diligência e sete valentes cocheiros, a força e concretização daqueles dois adjetivos estão ao alcance. Faltam apoios: dêem-lhes os cavalos, dêem-lhes os cavalos…

Assim deverá ser. 

Tarik Tilman

20-01-2023

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