Díli (timorpost.com) – Representantes de empresas privadas de Timor-Leste discutiram num encontro da Câmara do Comércio e Indústria de Timor-Leste (CCI-TL), esta sexta-feira (17.11), os principais problemas identificados em concursos de projetos de construção. Jorge Serrano, presidente da CCI-TL explicou, relativamente a dificuldades como disputas entre empresários, que estas acabam por retirar o foco dos outros setores produtivos. As declarações foram feitas no âmbito da Assembleia Geral Anual Ordinária de 2023, que decorreu, no Salão Delta-Nova, em Díli.
“Ficamos tão ansiosos com concursos a projetos de construção, promovidos pelo Governo, com montantes de 300 ou 400 mil dólares americanos, que até nos insultamos uns aos outros e esquecemos os setores produtivos”, apontou Jorge Serrano.
Segundo o presidente da CCI-TL, os empresários timorenses que ainda têm esta mentalidade, vão, pouco a pouco, transformar-se em trabalhadores que apenas servem empresas internacionais. “Vamos acabar como seguranças, motoristas e funcionários da limpeza de multinacionais”, exemplificou.
Como solução, o empresário apelou aos participantes no evento que colaborem junto da CCI no crescimento da produção agrícola no país e que procurem parcerias com empresas agrícolas internacionais para apoiar na parte técnica.
“Na realidade, anualmente, gastamos 125 milhões de dólares americanos para comprar arroz a outros países. A cada mês, gastamos 540 milhões em Atambua (Indonésia) para importar alimentos básicos. Se este dinheiro ficar em Timor, acho que é um bom princípio”, detalhou Serrano.
Para o presidente da CCI-TL, quando se abordam as atividades económicas do país, são muitos os que consideram que os governantes estão, com isso, a realizar campanha política e é, para evitar interpretações erradas que “as cores no símbolo da CCI-TL representam todos os partidos políticos. Não há favorecimentos. Aqui pensamos em negócio, falamos de negócio e realizamos negócio”, destacou.
No ano passado, Serrano assumiu a pasta da CCI-TL, mas encontrou grandes desafios. “Isso não significa que vá resolver sozinho estes problemas. Estou orgulhoso por trabalhar com estas pessoas e, através deste evento, podermos trocar ideias e procurar soluções”, disse Jorge Serrano.
Por sua vez, Helder Lopes, Governador do Banco Central de Timor-Leste (BCTL), apresentou no evento alguns dados recolhidos pelos Banco Central. “Em 2022, foram gastos aproximadamente mil milhões de dólares no estrangeiro para comprar só equipamentos, porque estamos a investir pouco no país”.
Segundo o Governador, no mesmo ano, a contribuição dos setores privados para a economia de Timor-Leste foi inferior a 30%. “Isto significa que a economia do país depende das despesas públicas”.
Outros dos obstáculos é a concessão de crédito bancário aos setores privados, abaixo dos 20%, se comparado com a média das taxas de crédito nas restantes ilhas do pacífico.
No âmbito dos recursos humanos, em relação à mão-de-obra , Helder Lopes destacou o facto de Timor-Leste ter uma população maioritariamente jovem e uma taxa de desemprego alta. “Estes desafios sistemáticos são os nossos e temos a obrigação de os tentar resolver”, concluiu.
Estiveram presentes no evento empresários nacionais e internacionais, associações empresariais, representantes dos bancos – BNU, Mandiri, BNCTL –, das empresas de telecomunicações – Timor Telecom, Telekomsel e Telemor –, do comércio e do Governo, entre outros convidados.
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