Díli (timorpost.com) – Teve início nesta quarta-feira (04.10) uma formação em liderança, promovida pela Asosiasaun Feto Município Díli (AFEMDIL – Associação de Mulheres do Município de Díli, em português). As 50 mulheres, líderes locais e tradicionais e novas candidatas a chefe de suco em Díli, vão adquirir ferramentas para uma liderança de qualidade, para depois colocarem em prática quando assumirem funções. A formação de dois dias termina esta quinta-feira e está a decorrer no salão Tower.
A AFEMDIL foi criada com o objetivo de apoiar as mulheres na vida política. “A Associação encoraja e empodera as mulheres, para depois poderem competir com os outros candidatos, nas eleições para os sucos. As mulheres também querem expressar as suas ideias, que podem contribuir para as políticas do Governo no poder local”, afirmou a presidente da associação, Maria Amorim Pereira.
No processo eleitoral anterior, em Díli, a associação identificou 26 concorrentes a chefe de suco do sexo feminino. No entanto, apenas três mulheres conseguiram vencer, nomeadamente, nos sucos de Bemori, Kampung Alor e Grisenfor. Por isso, a associação quer partilhar mais informações com as mulheres para haver mais candidaturas e, se possível, com sucesso como as três chefes de suco eleitas na última votação.
Na abertura da formação esteve também o representante da Secretaria de Estado da Igualdade (SEI), Armando da Costa. O representante agradeceu à AFEMDIL pela organização de uma formação que empodera as mulheres locais. “A SEI continua a trabalhar com outras associações de mulheres que lutam pela igualdade de género e defesa de grupos vulneráveis”, afirmou.
Já Guilhermina Filomena Saldanha, Presidente da Autoridade Municipal de Díli, sublinhou que, às vezes, mesmo que as pessoas digam que as mulheres podem governar ou ocupar cargos de chefia, são as próprias mulheres que se limitam a si mesmas. Outro desafio surge quando algumas mulheres não apoiam as suas companheiras. “Por isso, temos de nos suportar umas às outras, sem olhar para a cor e raça”, exaltou.
“Fico triste quando ouço maridos que não apoiam as suas mulheres, mas quero dar os parabéns aos homens que estão aqui, nesta formação, sobretudo os chefes de suco. A vossa presença pode incentivar as mulheres para se candidatarem”, referiu a governante.
Por sua vez, Joaninha Alves Soares, candidata a chefe do suco do Bairro Pité, em Díli, declarou que quer concorrer na próxima eleição, porque o novo Governo incentiva as mulheres a ocupar cargos de chefia. “É uma forte motivação. Quero competir com os homens na festa de democracia”, detalhou.
“Se a comunidade depositar confiança em mim, há seis programas que quero implementar no meu suco, incluindo a realização de formações para a população e de campanhas sobre a violência doméstica. Sobre as formações, quero chamar os habitantes que abandonaram os estudos, sobretudo mulheres, jovens e as pessoas com deficiência. Em relação à violência doméstica, quero trabalhar com parceiros nacionais e internacionais, para realizar campanhas junto das famílias, com o objetivo de reduzir os atos de violência em Timor, principalmente na minha comunidade”, esclareceu Joaninha Alves Soares.
Recorde-se que, em Timor-Leste, a cada sete anos, se realizam eleições para eleger 442 novos chefes de suco. No dia 28 deste mês, o povo timorense vai escolher os líderes locais e tradicionais para o período de 2023-2030. Antes disso, a 13 de outubro, os concorrentes vão apresentar-se na mesa eleitoral de cada suco. Cada candidato tem de ter, no mínimo, 1% de apoiantes do suco.
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