Timor Post – No dia 12 de julho, por volta das 9h, agentes da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) foram buscar a ativista Ela Variana à sua residência, em Manleu, para a levar para o Comando-Geral da PNTL. Lá, ela teve de prestar declarações sobre posts e comentários que terá feito no Facebook e que se tornaram virais. Para alguns utilizadores daquela rede social, os comentários da jovem insultavam um líder político.
Ela Variana, declarando-se cidadã timorense, declarou que não aceita o comportamento que a PNTL teve para consigo. “Eles [os agentes da polícia], na verdade, deveriam ser agentes da segurança do povo. Mas, na realidade, atualmente, asseguram os interesses das elites”.
“Os agentes da polícia foram a minha casa e não eram portadores de qualquer mandado de um juiz. Apenas levaram telemóvel para me mostrar os comentários partilhados no Facebook e disseram estar a cumprir ordens do Comando-Geral da PNTL. Outra coisa é que não houve reclamação formal de um queixoso”, detalhou Ela Variana.
A jovem lamentou ainda que alguns media não tenham publicado notícias imparciais sobre este evento, dado que aqueles apenas tinham a PNTL como fonte exclusiva do episódio da ida dos agentes a sua casa. “Assim”, lamenta Ela Variana, “contribuem também para a injustiça social em Timor-Leste. Por isso, recomendo ao Conselho de Imprensa que monitorize os órgãos de comunicação social”.
Estas reclamações foram veiculadas via conferência de imprensa que decorreu esta segunda-feira na sede do Movimento da Resistência Social (MRS), onde Ela Variana, acompanhada pelo Defensor Público Sérgio Dias Quintas, exigiu a reabilitação do seu bom nome. Ambos criticaram também a atuação dos agentes da polícia.
Sérgio Dias Quintas disse que a Defensoria Pública dá assistência jurídica a qualquer cidadão. Por isso, Ela Variana, também uma cidadã, tem “direito à honra, ao bom nome e à reputação, com base no artigo 36.º da Constituição da República Democrática de Timor-Leste”.
Em relação à atuação dos polícias, o Defensor Público considera-a inadequada: “Por isso, pedimos à instituição policial para que reconheça e declare publicamente que os seus atos foram errados. Se for possível, o Comandante-Geral deve pedir perdão à Ela para que este tipo de atuação não se repita”.
“Se, na próxima semana, a instituição policial não reagir, vamos encaminhar um processo civil ao tribunal contra o Estado para pagar de uma indemnização por danos morais”, concluiu o Defensor Público.
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