Timor Post – O livro que conta a história de Maunehek (nome em tétum que significa mau – homem e nehek – formiga), do escritor timorense Rohim Adya Putra, 25 anos, chegou, na semana passada, à República Democrática do Congo.
A obra, distribuída anteriormente no Japão, já foi traduzida em três línguas: japonês, inglês e francês.
Escrito originalmente em tétum, “A aventura de Maunehek” pertence ao género da literatura infantil e trata-se de uma fábula. As personagens da história são animais que apresentam características humanas, como a fala, costumes e sentimentos.
Apesar de ser uma obra voltada especialmente para as crianças, a publicação pode também ser apelativa aos jovens e adultos, pois a história convida à reflexão sobre as relações que se estabelecem ao longo da vida.
Rohim conseguiu transformar a sua ideia em livro depois de vencer um concurso de escrita, promovido pela Sala de Leitura Xanana Gusmão, em Díli, em parceria com a Associação Japonesa Amahoro. O concurso, que ocorreu em 2020 e contou com 34 participantes, teve o resultado divulgado a 26 de fevereiro de 2021.
“O júri escolheu os três vencedores e ocupei o primeiro lugar. Fiquei sem palavras, foi um momento incrível, muito marcante na minha vida”, disse o jovem, com orgulho.
A Associação Amahoro é uma Organização Não-Governamental (ONG) que desenvolve ações viradas para a defesa dos direitos das crianças de todo o mundo.
Antes da competição de 2020, Rohim já tinha participado num concurso sobre a narração de histórias, em 2018, organizado pela Faculdade de Educação, Artes e Humanidades da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL). Na ocasião, ficou em 3º lugar.
“Escrever como se fosse criança”
Rohim conta que começou a escrever histórias quando frequentava o ensino secundário. O jovem relata que, na época, aprendeu a usar os recursos estilísticos (como metáforas, personificações e ironias), mas que não os produzia de forma recorrente.
As primeiras ideias sobre a fábula de Maunehek surgiram quando Rohim teve conhecimento do concurso de literatura da Sala de Leitura Xanana Gusmão, através de uma publicação nas redes sociais.
“O problema é que eu não sabia como começar a história. Escrevi, apaguei, voltei a escrever e assim por diante. Certo dia, sentei-me e comecei a escrever como se fosse uma criança, até que consegui criar a história”, detalhou.
O escritor e um representante da Associação Amahoro assinaram um acordo para que a promoção do livro ficasse sob a responsabilidade da entidade.
“As cópias dos livros circularam inicialmente na versão original e no idioma japonês. Partilhei-as com as crianças na rua, em Díli, e lemos juntos. Foi muito divertido”, lembrou com carinho. A obra também foi distribuída para as escolas do primeiro ciclo de Timor-Leste.
Para Rohim, a sensação de ver o seu trabalho publicado em três línguas estrangeiras é muito gratificante. “Imaginar que crianças de outros países podem ler e valorizar a minha criatividade é algo único”, confessou.
Em relação a uma próxima publicação, o jovem escritor timorense, que atualmente se prepara para ser jornalista – através de um curso disponibilizado pelo Consultório da Língua para Jornalistas (CLJ) –, tem planos para desenvolver uma narrativa fictícia sobre uma amiga imaginária. A história pretende explorar o amor platónico (em que uma das pessoas ama outra e não é correspondida).
Rohim também encoraja outros colegas que tenham gosto pela literatura a se aventurarem na arte da escrita e dá a sua dica: “Escrever uma narrativa atrativa e criativa não é fácil. Por isso, precisamos de procurar diversas formas para levar os leitores a mergulharem na história”, observou.
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