DÍLI (timorpost.com) – Mais de 300 integrantes da Comissão Instaladora dos Ex-Desterrados de Ataúro realizaram, entre os dias 13 e 15 de outubro, o primeiro congresso do coletivo, que existe desde 2019. O encontro decorreu no salão da catedral de Díli e procurou reforçar a participação do grupo no processo de desenvolvimento nacional. Isso significa que a Comissão pretende ser uma voz ativa da sociedade timorense.
Os desterrados, expressão pela qual ficaram conhecidos, eram civis e ex-combatentes das FALINTIL (Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste) que, durante o período da ocupação da Indonésia em Timor-Leste, lutaram pela independência. Essas pessoas foram mandadas à força para Ataúro pelos militares indonésios, como forma de punição. Segundo a estimativa da Comissão, entre 1980 e 1987 aproximadamente oito mil timorenses foram exilados em Ataúro.
Os trabalhos da Comissão tiveram início em 23 de fevereiro de 2020 e desde então têm tentado identificar os ex-desterrados espalhados por todo o país.
Para Agostinho Gregório Ramos, conhecido também como Teki-loro, coordenador da Comissão, é importante não deixar que a memória se perca, porque a situação vivida por aqueles que lutaram pela independência de Timor-Leste faz parte da identidade da nação. “Preservar a história da nossa luta, é preservar a história de Timor”, enfatizou Teki-loro.
Já António Ramos, conhecido como Laloran Tubarai, é outro ex-desterrado que ficou preso em Ataúro entre 1980 e 1984. Em 1980, Tubarai foi um dos elementos das FALINTIL que iniciou a revolta contra os militares indonésios, num momento em que as bases de apoio timorenses estavam praticamente destruídas. Durante uma investida dos indonésios em Dare, Tubarai foi preso e sua família assassinada.
“Dediquei toda minha vida a este país. Agora sou agricultor e vivo em paz com a minha família”, contou.
Histórias como as de Tubarai e Teki-loro foram partilhadas no congresso, composto por membros de quase todos os municípios timorenses, com exceção de Covalima e Oe-Cússe.
O congresso foi financiado pelo Serviço de Apoio à Sociedade Civil e Autoria Social (SASCAS) e é supervisionada pelo Conselho dos Combatentes da Libertação Nacional (CCLN).
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