Navio com 534 tripulantes atraca em Díli e turistas fazem passeio crítico pelos arredores

Mario da Costa - Economia
Reportajen : Constantino Savio
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Foto: Reprodução Facebook (Eco Discovery Timor-Leste)

Díli (timorpost.com) – Nos primeiros raios de sol que iluminavam a cidade de Díli, quem passava junto ao porto da cidade, habituado a ver as embarcações como Berlim-Ramelau, Success ou Nakroma, estranhou a presença de um navio maior que os restantes. Era quinta-feira, último dia do longo mês de janeiro, e ali estava um sofisticado cruzeiro, branco e azul, atracado no cais. A embarcação transportava 534 tripulantes, ávidos para visitar os sítios históricos e turísticos de Timor-Leste.

Com 154 metros de comprimento, o MS Paul Gauguin é um navio concluído em 1997, que opera principalmente no Pacífico-Sul. É uma forma luxuosa de passar as férias, com conforto e muitos benefícios, ao mesmo tempo que se aproveita para conhecer vários destinos. Com esta paragem de cerca de oito horas em Timor-Leste, os turistas tiveram a oportunidade de visitar alguns lugares históricos e turísticos da capital e arredores.

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Os turistas, na maioria, de idade avançada, são de diferentes países do mundo, entre os quais Canadá, Estados Unidos da América (EUA), França, Espanha e Austrália. Foram recebidos pela equipa do Ministério do Turismo e pelas agências como a Eco Discovery Timor-Leste e a Lai-Ara Shipping.

Vantagens e Desvantagens

Agapito dos Santos, guia turístico do Eco Discovery Timor-Leste, explicou que os turistas são surpreendidos pelo ambiente do país. Com apenas 20 anos de independência, a ilha do crocodilo é considerada um daqueles casos de destinos turísticos que poucos conhecem, mas que muitos (dos que por cá passam) admiram.

A Eco Discovery Timor-Leste recebeu 132 pessoas, que foram divididas em três grupos para explorar pontos turísticos, não só na capital, mas noutras cidades nas imediações. Quem ficou em Díli, visitou o Cristo-Rei, o Monumento de São João Paulo II, o Mercado de Tais em Colmera, a Igreja Motael e o Museu da Resistência. Os outros grupos foram para Liquiçá, onde viram o Forte de Maubara, a Igreja de Liquiçá e a antiga prisão de Aipelo. O terceiro grupo foi até Ermera, para visitar Railaku.

“Porque é que a casa está sem telhado?”, pergunta um turista ao descer do navio e a dar de caras com edifícios do porto.

Apesar de os turistas apreciarem a beleza natural timorense, preocupam-se com o desenvolvimento do país.

“As infraestruturas, como os edifícios do porto e as estradas, são tema de muita conversa entre os turistas. A acessibilidade, o saneamento, a condição dos meios de transporte, a inexistência de casas de banho públicas e o lixo que se acumula nos sítios turísticos e em vários pontos da cidade também são alvo de questionamentos. Além disso, a dificuldade que é para trocar dinheiro (conversão para a moeda local) também foi observada”, explicou Agapito.

O jovem alertou ainda para o descontentamento de alguns turistas quanto à falta de profissionalismo de alguns guias, em termos de comunicação e de conhecimentos da história timorense. Agapito recomendou criar alguns centros de formação de guias turísticos e melhorar o conhecimento sobre a história local no currículo escolar.

Em resposta às preocupações dos visitantes, Rogério da Costa Fernandes, Chefe do departamento de Gestão, Turismo e Viagem do Instituto de Tecnologia de Díli (DIT), disse que estes desassossegos devem ser analisados como lições aprendidas, pois “todos somos agentes da transformação e do desenvolvimento do país. Devemos agir e não esperar que a natureza nos dê tudo o que queremos”, salientou.

“O turismo não é apenas um negócio. É também o cartão de visita de um país. Para isso, é preciso reunir esforços entre todas as partes competentes, para dar uma boa imagem de Timor-Leste para o Mundo”, argumentou Rogério.

Questionado sobre os guias locais, Rogério informou que o departamento que chefia tem uma unidade curricular sobre guia de viagem ou turístico, que trata de aspetos básicos relacionados com a profissão, já que “um guia é um embaixador”, observou.

Na avaliação de Judit Bernardo de Carvalho, Chefe do departamento de Promoção Turística (vinculado ao Ministério do Turismo), o desenvolvimento turístico em Timor-Leste depende de um esforço conjunto de todos os setores, que atuem desde a manutenção das estradas à limpeza do lixo pelas cidades.

Sobre a visita do cruzeiro, Judit informou que o Ministério do Turismo colaborou. “Os programas são das agências. Da parte do Ministério, só ajudamos na receção, no apoio aos cuidados de saúde e de segurança, além de garantir casas de banho móveis, guias e preparar tendas para vender as comidas típicas de Timor-Leste e produtos artesanais”.

A atividade relacionada com cruzeiros que chegam a Timor-Leste teve início em 2018, quando um navio atracou em Com, Lospalos, com 150 pessoas.

Entre 2019 e 2020, época com mais registos de visitas, cerca de 2500 turistas visitaram Timor-Leste por via marítima. Em 2021 não houve nenhuma visita, devido à pandemia da Covid-19. Só no dia 14 de setembro de 2022 é que um cruzeiro voltou a atracar no país, desta vez em Watabou, Baucau, com 150 pessoas, onde as comunidades levaram os turistas a ver os arrozais e a colheita e produção de vinho (koa tua no koa hare).

Amanhã (08.02), mais um navio turístico chega ao porto de Díli. No mês de abril, em razão de um eclipse solar, são esperadas pelo menos cinco mil pessoas de diferentes partes do mundo, para assistir ao fenómeno em Timor-Leste. Da parte ministerial, também já foram apontados alguns lugares adequados para o evento, como Bubususu, suco localizado em Viqueque, além de Jaco, que fica em Lautém.

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